A família é a primeira sociedade que nos é apresentada e na qual convivemos, mas a imagem da tradicional família brasileira, onde a mulher é histórica e culturalmente associada à figura materna, cuidadora e protetora, essa imagem mudou. Isso mesmo, dados do estudo Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça, com base em uma da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), mostra que a estrutura familiar tradicional, constituída por pai, mãe e filho(s), não é mais a única realidade.
Além dos arranjos convencionais, surgem novas configurações que trazem desafios diários: mães e pais solteiros, famílias reconstituídas após divórcios, crianças criadas pelos avós, coparentalidade e casais homoafetivos reivindicando respeito para seus laços afetivos. O que os une é o amor, expresso de maneiras diversas.
A pesquisa traz diversos recortes da desigualdade de gênero existente em nossa sociedade. As mulheres chefiam 4 de cada 10 lares, mas com uma disparidade na renda. Nas famílias com mulheres como chefes, a renda é 27% menor em comparação com as famílias chefiadas por homens.
“Muitas vezes as pessoas que vivem nos grandes centros enxergam o mundo através de uma bolha e caem na armadilha de pensar que igualdade entre homens e mulheres no ambiente de trabalho já foi praticamente superada, no entanto, temos consciência que a realidade na sociedade e no mundo do trabalho ainda é muito dura para as mulheres, principalmente as chefes de família”, explica Mariene Ramalho, administradora em Recursos Humanos.
Segundo relatório do Governo Federal, as mulheres são responsáveis por 81% das concessões do Bolsa Família. A informação é complementada por uma pesquisa do Dieese que aponta que entre as famílias chefiadas por mulheres sem cônjuge e com filhos:
- 62% são lideradas por mulheres negras (cerca de 6,8 milhões de lares)
- 38% por mulheres não negras (4,2 milhões de lares)
- Mulheres negras ocupadas: 25% em serviços domésticos
- 17% em educação/saúde/serviços sociais
- 15% no comércio
“Quem acolhe essas mulheres? Quem escuta essas mulheres? Para a proteção social dessas pessoas, precisamos que outras mulheres desempenhem um papel crucial na promoção de políticas inclusivas e na desconstrução de estereótipos de gênero na representatividade política, elaboração de leis e cargos de liderança”, comenta Dárinca Simões, vereadora de Promissão (SP).
Impactos positivos da participação feminina na assistência social:
- Maior sensibilidade para as necessidades específicas de mulheres e crianças
- Promoção de programas de empoderamento para mulheres em situação de vulnerabilidade
- Incentivo à inclusão de pautas femininas e de gênero nas políticas públicas
Nesse contexto, a presença feminina na assistência social não apenas se destaca, mas se torna essencial. Seus cuidados e olhares atenciosos não só promovem o bem-estar das comunidades atendidas, mas também evidenciam a importância da empatia, da compaixão e da solidariedade em nossa sociedade.